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Carro elétrico, híbrido, a gasolina ou a gasóleo: qual é o mais barato e o menos poluente?

O carro elétrico vence a concorrência em toda a linha. É a opção com menos emissões poluentes durante todo o ciclo de vida, mesmo que seja preciso substituir a bateria. Na fatura em euros, já é competitivo, mas ainda depende de alguns "ses".

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31 janeiro 2025
Mulher ao telemóvel a carregar o automóvel elétrico

iStock

Em outubro de 2024, a DECO PROteste alertou para a falta de transparência das marcas sobre o que acontece quando acaba a garantia da bateria e sobre o custo das reparações. Volta à estrada com a análise de custos e do impacto ambiental para responder a duas perguntas: qual é a tecnologia mais cara? E qual é a mais poluente?

Para acabar de vez com as dúvidas, foi necessário avaliar a sustentabilidade económica e ambiental em todo o ciclo de vida dos carros elétricos e híbridos, e comparar os dados com os veículos a combustão interna. Na análise do custo, o elétrico (sem substituição de bateria) já é competitivo em relação ao veículo a combustão interna. A conclusão repete-se nos cenários de 200 mil e 400 mil quilómetros. Contudo, se o azar bater à porta e tiver de trocar a bateria, perde a viabilidade, aos custos atuais.

No confronto de emissões poluentes, vitória de arrasar para o elétrico. Revela menores emissões equivalentes nos dois cenários, em todos os segmentos. Só perde na categoria de impacto ambiental dos recursos minerais, devido aos materiais que compõem a bateria.

Carro elétrico é mais caro na compra, mas compensa com utilização

O preço de aquisição do elétrico ainda é mais elevado do que o da combustão, mas o custo total ao longo da vida útil do carro já é semelhante, "se" não tiver de substituir a bateria. Espera-se uma diminuição do custo de compra e o aumento da durabilidade da bateria (ou a redução do preço da troca).

Os elétricos são muito mais vantajosos ao nível das emissões de CO2 equivalente em todas as categorias de impacto ambiental, exceto na extração de matérias-primas. Esta fragilidade atenua-se com soluções de reciclagem de baterias na Europa, o que reduzirá a necessidade de extração de matérias-primas virgens para a produção de novas baterias.

Análise do ciclo de vida

O ciclo de vida dos automóveis é constituído por quatro etapas: extração de matérias-primas, produção do veículo, utilização e fim de vida. A análise contempla também o ciclo de produção, transporte e conversão de combustível (energia).

A expressão internacional resume a ciência aplicada: LCA Cradle-to-Grave calcula os impactos ambientais desde a extração das matérias-primas até ao fim de vida. Para as fontes de energia (combustível e eletricidade), pode considerar-se o ciclo completo Well-to-Wheel, que vai da extração de recursos à utilização. Por sua vez, esta subdivide-se em duas fases: Well-to-Tank, que compreende desde a extração de recursos até ao sistema de armazenamento do veículo (depósito de combustível ou bateria elétrica), e Tank-to-Wheel, o uso do combustível/eletricidade pelo veículo, ou seja, desde o armazenamento até à roda.

Ao longo da vida, os automóveis exigem várias intervenções: óleos lubrificantes, pneus, pastilhas de travões e baterias. Esta análise identificou todas as necessidades do carro que afetam o desempenho económico e ambiental.

Custo real para 200 mil e 400 mil quilómetros

Para perceber como os carros elétricos se posicionam, foram pesquisados os estudos mais recentes. Foi considerada a substituição da bateria no contexto europeu, sem esquecer os encargos para cada tipo de veículo, com manutenção preventiva, manutenção corretiva, equipamento, combustível, consumíveis, pneus e impostos. Aplicada ao contexto português, a análise considerou o custo por quilómetro e o de aquisição médio de cada tipo de veículo da base de dados nacional. Foram apurados os custos atuais médios de cada tipo de energia por cada um dos segmentos. Para os elétricos, foi possível apurar os custos de uma nova bateria (corresponde a 34% do valor do veículo novo).

Em Portugal, a idade média dos carros entregues à Valorcar, a entidade gestora de veículos em fim de vida, foi, em 2023, de 24 anos, com histórico muito acima dos 200 mil quilómetros. Por isso, foi analisado o custo em duas perspetivas: ciclo de vida normal e ciclo de vida alargada. A primeira assume que os automóveis "morrem" ao fim de 200 mil km (em média, 13 anos). A segunda perspetiva considera que os carros duram até aos 400 mil km, a quilometragem média em Portugal, ou seja, cerca de 25 anos.

Os gráficos exibem os resultados tanto num cenário em que tudo corre na perfeição com o carro elétrico, como quando é preciso trocar a bateria no final da garantia-padrão. Trata-se do pior cenário: a bateria avaria assim que a garantia acaba e o consumidor paga a substituição do seu bolso.

Os carros elétricos são muito mais competitivos, se sobreviverem 400 mil quilómetros. E, se o preço de venda for reduzido em 10% (com subsídios e incentivos do Estado ou até devido à concorrência), tornam-se, no geral, a solução mais económica. Na perspetiva do ciclo de vida normal, os carros a gasóleo são os mais viáveis. Já no ciclo de vida alargado, o elétrico vê a viabilidade económica garantida, se a bateria não tiver de ser substituída, sendo até preferível ao carro convencional.

Análise completa do impacto ambiental

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